Pelourinho de Abreiro |
Abreiro é uma povoação que é também freguesia perte ABREIRO ncente ao concelho de Mirandela, de cuja sede dista cerca de 25 km. Fica situada na margem direita do rio Tua, bem perto deste, na parte sudoeste do município. A palavra Abreiro, localmente, é explicada como derivando de "abre te rio", numa alusão clara ao Tua, que ali alarga as suas margens e o seu leito. Porém, a origem tem por base a palavra árabe ÁBARA, que quer dizer "entrar ou passar para outro lado".
No Monte de Santa Catarina terá existido um castro, e, também, um castelo mourisco, sobre cujas ruínas se edificou uma Capela, que teve festa rija outrora, mas agora se encontra em estado de destruição, praticamente apenas com as paredes. No seu termo há vestígios arqueológicos remotos, como a Pedra de Arcã, que, a juntar a outras referências, nos levam a concluir ser terra habitada pelo homem desde a Pré-história. O que até nem admira, dada a proximidade do rio Tua, bom local para pesca abundante, água suficiente e terrenos bons para produzir o sustento dos que por ali foram ficando. Foi Vila e Concelho medieval, tendo Foral em 9 de Setembro de 1225 por D. Sancho II, em 1250 por D. Afonso III, e em 2 de Agosto de 1514 por D. Manuel 1. Nessa altura, o concelho de Abreiro era formado pelas seguintes povoações: Abreiro, Navalho, Sobreira, Milhais e Longro. Tinha dois juizes ordinários, vereadores com seus oficiais e capitão-mor com companhia de ordenanças.
É interessante reparar nos dados socioeconómicos relativos a 1796: tinha 308 homens, 340 mulheres, 8 eclesiásticos seculares, 1 pessoa literária, 12 sem ocupação, 1 negociante, 1 boticário (ainda lá está a botica), 108 lavradores, 73 jornaleiros, 8 alfaiates, 3 sapateiros, 6 pastores, 8 criados e igual número de criadas. Pertenceu aos Marqueses de Vila Real que a perderam pela sua traição à Pátria em 1641. Passou a ser Comenda, e isenta da Ordem da Malta. O concelho era da Coroa e à Casa do Infantado, foi extinto com a reforma liberalista, passando a pertencer ao de Lamas de Orelhão até 31 12 1853, data em que passou para o de Mirandela. Eclesiásticamente, a Paróquia de Santo Estêvão de Abreiro é uma das poucas paróquias do vasto território ou Terra de Panóias ainda no século XIII. As Inquirições de 1220 já a citam como paróquia com Igreja e foral de D. Sancho I, incluindo Sobreira e Navalho: "Sanctnm Stephano de Avreiro". A ponte de cantaria sobre o rio Tua que faz a ligação Abreiro/ Vieiro e Freixiel do concelho de Vila Flor foi construída em 1760. Em 2 de Maio de 1878 saía o decreto que ali criava uma escola primária, embora já dada como existente em 1852. A 16 de Março de 1863 foi autorizado Pedro Monteiro Lopes a montar uma máquina de destilação de vinho para aguardente. No que toca à população, rondava os 161 fogos na segunda metade do século XIX, para em 1950 atingir as 835 pessoas em 192 fogos. De 1981 para 2001 desceu 101 habitantes tendo agora apenas 304 dos quais 153 são homens. Por volta dos anos 60 tinha um negociante de azeite, 10 produtores abastados de azeite, 1 médico, 2 mercearias e I professora.
Terra essencialmente agrícola, de difícil mecanização, tem produções abundantes de azeite, trigo, vinho, e possui gado ovino, caprino e muar. Indústrias quase nenhumas, onde 1 padaria consegue ter alguma dimensão local. Os lugares habituais de encontro das suas gentes são: a Avenida Trigo de Negreiros, Rua Direita e Largo do Pelourinho. Ali, por vezes, jogam à sueca e ao fito. O seu património histórico está patente ao longo da aldeia, mostrando claramente a importância de outros tempos. Como o Pelourinho, símbolo da justiça e autonomia do antigo concelho, ainda bem conservado; a Casa da Botica de 1859 com as medidas do Covo que serviam de padrão para medir tecidos, esculpidas na parede de granito; a Casa do Povo com sala de ensaio da Banda (actualmente extinta), palco e biblioteca; a Igreja Matriz com altares laterais metidos nas paredes e já modernos, reconstruída em 1953, e duas lápides no altar-mor, uma da Viscondessa de Barcel e outra da Família Mendonça Machado; a Casa do Cruzeiro, com Brasão; o próprio Cruzeiro, qual rico monumento arquitectónico que embeleza a povoação, mesmo à beira da estrada que de Vila Flor dá actualmente acesso ao IP4 no nó de Lamas de Orelhão. Mas também tem dois relógios de sol em granito, muitas outras casas em cantaria, o Cabeço da Forca, os restos de uma ponte sobre o Tua construída em 1734 e derrubada pela cheia de 1909, a Casa da Estalagem, o Ribeiro da Fonte, o Moinho do Ribeiro, a Fonte do Arco e o Lavadouro.
Bibliografia: Mirandela, segundo Barroso da Fonte: Localização e História. In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses
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